terça-feira, 29 de setembro de 2009

EXISTO, PARA ALEM DO TEMPO, DO ESPAÇO, NA ETERNIDADE!...


EXISTINDO

Sinto-me existindo em cada palavra, em cada olhar.
Sinto-me na consciência do meu ser.
Sinto-me dolorosamente, amargamente...
Sinto-me na ilusão da vida ,na certeza da morte.
Sinto-me no recordar incerto do sonho.
Sinto-me ao amanhecer, quando a noite se apaga,
E o dia se acende...
Sinto-me na hora calma do anoitecer...
Sinto-me no vento que traz todos os segredos,
Espalhados ao acaso por esta vida meio vivida...
Sinto-me quando me quero encontrar,
E quando me quero esquecer.
Sinto-me quando adormeço na sombra
Do meu eu, e me esqueço de viver...

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Pôr do sol

Mil cores enfeitam o céu,
O vermelho poente rasgando o azul
Com laivos que o vento espalhou...
Cai a noite rapidamente, tudo muda,
Escurecem os raios vermelhos, esbatem-se,
Uniformizam-se...
Por de sol de Inverno...
O sonho e a nostalgia prendem-se a nós...
O frio invade a casa...
Será só o Inverno? Ou serei também eu?
Fecho os olhos, procuro na retina da memória
As cores que há pouco cobriam o céu.
Visto o pensamento de calma,
De espera do amanhã...
E sorrio dentro de mim, só para mim,
Onde o sol ainda se encendeia,
E o céu é sempre azul...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

pelos caminhos do Douro

Pelos socalcos da serra ,
Desce o tempo em desalinho.
Acossado pelo vento que sopra na branquidão do dia....
Paisagem decalcada sobre paisagem.
Cores vivas e agrestes correm ao longo dos caminhos
Que levam a eterna fragrância da natureza viva.
Ribeiros de gelo cortam como laminas
De aço brilhante e duro,
O pensamento dos poetas que se debruçam
Sobre o tempo de criar...
A serra recorta o horizonte,
Onde perco meus momentos de êxtase e solidão...
Os Deuses talharam com cinzel
A mais bela e abrupta paisagem.
Vinho como sangue corre pelos
Tempos sem tempo... eternamente....
Eis o Douro caminho que leva
Ao céu da poesia, fria, áspera,
Com arestas cortantes...
Como a vida vivida aqui entre vinhas e pisares...
Entre sonhos e acordares...

pelos caminhos do Douro


quarta-feira, 23 de setembro de 2009

DEVAGAR

Devagar, a vida caminha ás vezes devagar....
Outras corre num alvoroço desenfreado,
Levando na frente a calma beleza do anoitecer...
Paro aqui nesta janela que viro
Para dentro de mim.
Corro labirintos de memórias,
Lembro gestos, actos como se fosse
A primeira vez...
Há uma calma desordenada dentro de mim,
Há barcos que partem mar dentro,
Há rios mágicos que vêm do sul
De onde as pirâmides se miram,
Onde lendas falam de Deuses...
Isís, Osirís, Horus Seth...
O grande sacerdote pontifica
Á cerimonia matinal...
A íbis pássaro do Nilo,
Paira sobre maciços de papiros...
Á sombra da acácia,
Ramsés senhor, Deus, Rá todo poderoso,
Descansa , sonha, e introduz-se em minha alma...
E eu fico aqui a sonhar a ver o tempo passar...
Devagar... Devagar....

terça-feira, 22 de setembro de 2009

CANTICOS GREGORIANOS

A musica toca ,mistérios gregorianos...
Nem religiosos, nem profanos...
Humanos, com suas imperfeições,
Por isso tão belo, tão transcendente...
Há rios do céu que correm na terra.
Há luzes e penumbras, rituais secretos .
Claustros onde a sabedoria corre,
Em livros antigos, em saberes, erudições...
Mas... Ai... O monge mais novo sorri!...
E a musica deixa de atingir o céu,
Corre aqui na terra, leva-nos pela mão,
Abre-nos o mundo com janelas
De par em par...
Deus está aqui. Verdadeiro igual a mim.
Nesta musica espiritual,
Mas tocando o corpo no sorriso
Do Irmão mais novo do coral!...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

sem titulo

Corri em busca de nada,
Oiço os rumores do tempo.
Como senhora, antiga, trago meus segredos,
Meus ocultos, meus saberes...
Há povos mágicos nas ilhas da imaginação...
Rituais de crenças entre neblinas
Do passado, que trazem restos de futuro...
Em florestas de doendes me perdi ,
Me encantaram, e te achei...
Achei-te como uma dadiva dos Deuses,
Que de tanto se descrerem, se tornaram pagãos...
Mas eu creio, creio no real,
No que tenho em minhas mãos.
Creio na prece, na oração.
Creio no Deus verdadeiro,
Que crê em mim, Que me moldou,
Que me deu alma, e me ensinou
Todos os velhos segredos,
das memórias do passado que passou...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

PENSAMENTO

burgueses de Calais, Rodin


VENTO DO DESERTO

Os ventos do deserto sopram fortes,
Espalhando as areias no caos dos silêncios...
Gritam fúrias antigas...
Trazem do passado, caravanas perdidas
Nas especiarias dos tempos idos...
Ouvem-se tristes canções,
E o tilintar das pulseiras que as mulheres
Das areias usam para se prender,
Para se escravizar...
O sol estende-se e rebola-se nas dunas,
Onde já foi mar,
Onde se afogaram todos os sentidos,
Todos os tempos idos...

quinta-feira, 17 de setembro de 2009


PECADO ORIGINAL

Mordo a maçã voluptuosamente...
Trago no seu sabor, o sabor da tentação...
Doce, perfumada,
Com o misticismo do pecado...
Olho-a de uma vulgar beleza,
Entre oiro, e o vermelho por do sol...
De uma forma anatómicamente redonda,
Cabendo na minha mão...
Trás no seu sabor restos de Verão...
O seu perfume único lembram-me
Casas velhas da aldeia...
Deixo-me levar pelo sabor,
Pelo aroma, e invento. ou lembro historias...
Guilherme Tell... Avalon...
Mas mais que isso é a realidade
De ter esta maçã fisicamente
Na minha mão...
Perfumada... suculenta... real.
Como real foi a historia do pecado original ...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Caminhei pelas praias do mundo,
Areias selvagens se abriram a meus pés...
Mares de tempestade enfrentei.
Gritei gritos altos nas galés...
Meu corpo sofreu mil mortes,
Mas de todas elas regressei...
Caminhei por tanto lado...
Devotadamente rezei .
Rezei ao senhor do tempo e tempestade...
A Deus todo poderoso Senhor de toda a vontade...
Nas rotas do Oriente me perdi...
Fui visionário, sonhador...
Verdes palmeiras, peles negras de setin...
Cânticos a Deuses distantes
Deslumbraram-me... entendi...
Com ventos sonoros aprendi,
A vida... o efémero... o nada....

terça-feira, 15 de setembro de 2009

magia celta

Cânticos celtas soltam-se pela casa,
Delicada harmonia entre palavras e notas.
A harpa chilreia sua musica.
Dedos longos, brancos, ágeis
Voam nas cordas verticais...
Como chuva continua, as notas soltam-se pelo ar....
Imagino bardos e druidas
Estórias de encantar...
Reis e guerreiros , míticos senhores intemporais....
Artur... Lancelote... Geneviviere...távola. redonda...
Magia, sabedoria... Avalon...
Senhoras do crescente, túnicas azuis
Como o céu onde a Deusa Terra,
Senhora presente em todos os rituais...
Cheiro a maçã vem da ilha mais
Misteriosa e perdida na imaginação.
Magos senhores do poder,
Merlin, Taliesin, e outros mais...
A musica conta-me tudo
O que a imaginação quiser,
Lendas, mitos, verdades ,ou não...
Apenas em mim está o poder de crer.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

pensamentos

Fugindo da futilidade do sonho, encaro a realidade sem misticismos, ou contemplações...
Sonho porque sonho, sem outra razão que não seja enganar a realidade...
Friamente analiso momentos, não lhes dando mais valor que distração intima...
No entanto, há momentos, muitos momentos, em que o sonho é alimento precioso da alma, necessário á vida....

EU PROPRIA CIRCE

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Com risos serenos lembro-me de ti.
Lembro-me da tua voz, do teu olhar..
Sento-me aqui, e deixo-me levar
Pela brisa suave do pensamento...
Trago-te até mim,
Invento-te ou recrio-te...
As palavras correm da minha boca,
Tocam-te na madrugada
Do dia que há-de vir...
O meu riso é como a minha alma,
Sereno e transparente, como água
De uma cascata, como um cristal puro...
Estás aqui onde eu te imagino,
Soltando o teu riso que só eu sei captar...
Envolvemo-nos em gargalhadas,
O sol brilha nos nossos olhos,
Com a força da vida que
Ainda corre em nós...

SONHANDO

pensamentos

Não preciso de um amigo que obedeça aos meus caprichos ou siga os meus passos; isso faz, e muito melhor a minha sombra...

PLUTARCO

Mãe! passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!

ALMADA NEGREIROS

partir

Vontade de partir, ir para além desta terra.
Caminhar em outras areias, ver outras paisagens,
Sentir os cheiros característicos de todos os lugares,
Partir como quem sonha, desvendar mistérios,
Lendas, estórias,
Ver o pôr do sol em todos os horizontes,
Ouvir outras falas, conhecer outras gentes.
Mas estou aqui, sentindo o desejo flutuar em mim,
Querendo ir, para não sei onde,
E fico aqui presa a esta folha de papel,
Falando de desejos não concretizados...
Não vendo a palidez das manhãs que amanhecem
Lá fora. Ficar presa a este cais que se chama indecisão..
Ficar aqui num tédio monótono.
Querendo ir mas fico aqui partindo sómente
na minha imaginação....

quarta-feira, 9 de setembro de 2009


Guarda em ti tudo o que trazias quando nasceste,
E os Deuses, e as fadas te fadaram, e predisseram...
Guarda em ti, a fala da cigana que te sinou...
Guarda em ti o coração antigo da sabedoria,
Da vontade, e da razão.
Guarda em ti também o coração novo,
Do homem nascido em ti,
Que ri, que brinca, que sonha...
Guarda em ti, todos os rituais antigos,
Que os Deuses te ensinaram...
Guarda em ti, as lagrimas como pérolas,
Que só o coração puro pode doar...
Guarda em ti, a força da vontade, e do querer.
Guarda em ti, como dádiva
Divina, o riso, o amor, e o sonhar...

terça-feira, 8 de setembro de 2009


pensamentos

Se se pudessem descobrir as verdades tão facilmente como se descobrem as mentiras!...

CICERO

Quando lançares a flecha da verdade, molha a seta com mel...

MÁXIMA ÁRABE
Nada sou, mas sou o universo.
Quando riu a terra acolhe o meu riso,
Levando-o nas asas do vento, correndo mar dentro...
Abrindo caminhos desconhecidos
Entre campos verdes, e searas maduras...
O meu riso é o universo amando,
Acariciando o tempo...
O meu riso é a flor que se abre para o sol...
O meu riso é intemporal.
Magia do céu azul,
O meu riso é o abandono do corpo
Ao prazer do desejo...
É amar, querer, sonhar.
O meu riso dorme no oiro do sol poente,
Na cantiga da noite, na arte que há em mim.
O meu riso é o poema que eu não sei,
Mas está aqui escondido em cada palavra,
Que só tu podes encontrar...
O meu riso é o nascer da alvorada...
É um pássaro a voar...
O meu riso, é tudo o que eu não sou,
É tudo o que sou,
É tudo o que serei...
Ficar só. Sossegadamente só...
Pensar, sonhar , olhar...
Ler todos os livros que trago na alma.
Escrever todos os poemas
Que o meu coração mandar.
Levar a pena a correr por esta folha de papel
Branca, lisa, e vazia, que pouco a pouco
Se transforma, vive.
E as palavras prendem-se com sentido,
Com alma....
Escrever faz a solidão afastar-se,
Para dar lugar ao suave prazer dos sentidos....
adormecer suavemente com um sorriso
Que se prende na boca,
E se estende ao coração...