quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

T

PERDIDA EM SONHOS...

Chuvas pesadas caem lá fora.
Caem como espadas, cortinas do nada...
Doem na alma presa no acontecer do tempo.
Chove. Chove como se mais nada
O tempo tivesse para fazer...
Laminas de cristal tremeluzentes e obliquas ,
Caem tocadas pelo vento que vem de sul...
Quero pensar. Quero ver lá fora, mas a chuva...
Sonho aqui. Aqui onde sempre prendo os meus sonhos
Para depois os soltar numa manhã de sol.
Sonho com céus pintados de azul,
E mares revoltos de esperança,
Com o sol a rir as gargalhadas descaradas
No seu impudor...
Sonho, e de tal maneira me deixo levar,
Que já não chove, apenas o sol ainda não se apercebeu,
Porque talvez como eu esteja a sonhar....

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

QUANDO EU FOR VELHA

QUANDO EU FOR VELHA!

Quando eu for tão velha que o meu corpo já não seja,
Soltarei a alma e correrei á desfilada por aí...
Saudarei toda e qualquer espécie de vida.
Matarei a morte.
Correrei pelo espaço, e serei gente,
Cantarei poemas em cada amanhecer,
Serei terra, flor e fruto.
Serei mar e maré,
E romperei o horizonte com gritos e poemas que vivi.
Estarei nas estrelas, nas montanhas, e em ti.
Serei corpo renascido pela força de viver.
Serei gaivota do mar, fúria ao anoitecer.
Serei arco-íris, razão, verdade.
Serei em ti amor eterno.
Serei fragrância, e liberdade.
Serei enfim tudo aquilo que sempre
Quis ser!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

VIAJANDO

VIAJANDO

Soltei as amarras do meu barco dos sonhos,
Parti nele...
Corri o mundo, naveguei por sete mares,
Contornei todas as ilhas.
Toquei todos os portos.
Cheguei a todas as cidades...
Vi todos os equinócios,
Aportei no mundo, galguei montanhas, desci rios...
Falei todas as línguas, aprendi todas as culturas,
De cada uma deles trouxe, uma flor, uma palavra, uma lenda.
Conheci todos os povos, negros, brancos, mestiços...
Dancei todas as danças...
Cri em todos os Deuses.
Corri o deserto... achei-me no silencio, da imensidão...
Senti todos os frios dos gelos.
Corri entre animais selvagens...
... Mas acordei aqui...
Meu barco encalhou nesta praia,
O mar quebrou-o devagar.
Meus sonhos, já não são sonhos,
São pedaços de coisas atiradas ao mar,
Que se desfazem no meu acordar...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

VIDA..........

VIDA...........

Estou aqui só, não sei que fazer.
Penso, oiço todos os barulhos de fora.
Um cão que ladra desesperadamente,
Um carro que apita, um comboio que passa...
Que pouco poética é a vida...
Não há pássaros a cantar na alvorada...
Não há grilos ao anoitecer...
Sinto vontade de sair, ir por aí,
Tocar na vida até doer...mas estar viva.
Não sentir nada, só raiva que não consigo conter.
Sinto-me impotente na vida,
Sonho, mas logo acordo
Vivo do lado de lá,
Onde coisas belas não há...
Apenas fumos distantes
Que me trazem âncias de lutar
Até as mãos fazer sangrar...até gritar...
Gritar de raiva mais que incontida,
Plena forma da minha vida