segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A MINHA ÁRVORE

A MINHA ARVORE

Quando chegávamos ao largo do açude, lá estava ela, Grande e velha a arvore da minha infância.
Cobria todo o largo. Dava sombra ao coreto.
Quando chegávamos a casa e abríamos as janelas, ela saudávamos com um aceno, murmurando palavras entre as suas folhas verdes escuras.
Eu achava que havia fadas a morar nela.
Quando corria-mos á sua volta, ela sorria… tenho a certeza que sorria… e por vezes dobrava os seus ramos mais baixos e tocava-nos suavemente como uma carícia.
Havia ninhos de pardais, de melros, eu sei lá que mais… eram tantos os trinados e os gorjeios, e as melodias…
Diziam que era muito velha a nossa árvore. Centenária! Abria-mos a boca de espanto, sem saber ao certo quanto tempo era ser centenária… mas era muito de certo.
No Verão quando havia a festa, vinha a banda de música tocar no coreto. A árvore ficava quieta, não deixava sequer que o vento lhe tocasse, para não se distrair. E sorria, como sabem sorrir as arvores…
No Inverno, quando chegávamos da escola, ela acolhia-nos da chuva. E nós baloiçávamo-nos nos seus ramos, fazíamos baloiço, e ela protegia-nos suavemente…
A árvore da minha infância ainda lá está perto do açude, junto á casa grande. Não a vejo á algum tempo, tenho saudades…
Saudades de baloiçar nos seus ramos, e ouvir o vento sussurrar através deles.
Sinto que ela também se lembra de mim, as memórias ficam em nós como na natureza.
E a minha árvore centenária viverá mais cem, e mais cem e muitos mais anos.
Será memoria que deixo aqui, que transmito, e que outros transmitirão depois de mim. E assim a minha arvore será eterna, enquanto houver

Um comentário:

  1. A MINHA ÁRVORE
    Quando chegávamos ao largo do açude, lá estava ela, Grande e velha a arvore da minha infância.
    Cobria todo o largo. Dava sombra ao coreto.
    Quando chegávamos a casa e abríamos as janelas, ela saudávamos com um aceno, murmurando palavras entre as suas folhas verdes escuras..........

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